domingo, 10 de abril de 2011

UM APELO ESPERANÇADO

Nesta altura, o país tem muitas dúvidas. E uma certeza: vença este PS ou o PSD, prosseguirá a austeridade que leva a mais austeridade, o PEC IV, V, N. Será inevitável? A última coisa que apetece é acrescentar mais crise. Mas, além da financeira, da economica- social, da dívida soberana, da Europa, existe a crise da esquerda. Do seu projecto. Daí que essa ala não tenha impedido nem as outras crises, nem que aqueles que as provocaram lucrem agora com elas.

Logo, ao PCP, ao BE, a muitos socialistas, sindicalistas, independentes e à esquerda órfã, a que continua não representada, não basta continuar a gritar que vem lá o Lobo. Devem juntar-se e, a partir das propostas já avançadas e outras que surjam, criar plataformas de compromisso. Essa base, articulada com a contestação a nível europeu, pode até apresentar ao PS um conjunto de condições mínimas para uma maioria de esquerda parlamentar. O actual PS nunca a aceitará? Provável. Mas nada dura sempre, o Largo do Rato não poderia continuar a vitimizar-se, o ónus da recusa seria seu e a semente ficaria lançada. Sobretudo, numas eleições que serão crispadas e profundamente marcadas pelo medo e pela lógica do voto útil, essa esquerda criadora mostraria que existe alternativa à barbárie. Essa mesmo que, de outro modo, triunfará.

Publicado no Correio da Manhã.

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