quinta-feira, 27 de novembro de 2014


“À justiça o que é da justiça, à política o que é da política”- esta tem sido uma das frases mais repetidas. Pateticamente. Se estão preocupados com a separação de poderes, digam: “À política o que é da política. Ao poder económico o que é do poder económico.” Explico. Mal Sócrates foi preso começou o ataque à justiça, como se o problema fosse esse e não o facto extraordinário de existir um ex-PM acusado de corrupção e branqueamento de capitais. E isto é que é o coração da discussão.
Isso e como o Estado se fundiu com os privados, sendo que o nosso dinheiro e recursos foram capturados por uma pequena dinastia partidária e empresarial consanguínea. A mesma que nunca fez nem fará do combate à corrupção uma prioridade. Ou seja, a questão, depois do BPN, BPP, BES, PPP’s, swaps, vistos Gold, Sócrates e o mais que está para vir (há mais), é como evitar maior subversão do regime democrático e estancar a violação do artigo 80º da Constituição - o poder económico deve subordinar-se ao poder político. O resto é conversa. Ou fraude e branqueamento da verdade.

Publicado no Correio da Manhã

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