domingo, 25 de dezembro de 2011

Uma geração com netos

A consoada celebrava-se na casa grande da minha sogra em Campo de Ourique. Espaçosa, abrigava a geração que nos antecedeu com sobriedade republicana e abria as suas portas a um sólido núcleo familiar que não faltava às festividades da quadra compostas por um menu tradicional,e por uns «números » de entretenimento dos nossos filhos dentro de uma filosofia mais criativa do que disciplinada pela imitação. O tempo foi passando, a Mãe da Maria Emília declinando suavemente pelos seus mais do que noventa anos, recitando muitas vezes as estrofes do «D. João»de Tomáz Ribeiro que incendiara a polémica entre Antero e Feliciano de Castilho. A polémica já nada dizia aos nossos filhos, mas disse muito ao Portugal novecentista e à história dos feriados , quando estes estavam entregues a gente culta.


Após um curto período de errância sobre a nova sede da família para a reunião da consoada, ontem ter-se-à consolidado o espaço de uma sobrinha cuja prole cresce impetuosa e que deslocou a corte para algures no Alto do Lumiar. A vasta sala foi concebida para um aumento da natalidade sustentada e permitiu-me dar-me conta da plena ascenção da geração dos netos. Refira-se que o antigo apartamento de Campo de Ourique foi recordado com intensidade num filme fortíssimo realizado por um jovem da geração dos filhos.

Gosto