quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Chuva de moção

A anunciada moção de censura do BE assanhou o país político, o que diz bem da cultura democrática de muitos. No nosso regime, o parlamento escrutina o governo e pode derrubá-lo a qualquer momento. No Cairo, é diferente. Nem com 230 deputados.

O aviso peca por parecer um duelo Louçã-Sócrates. É claro que o BE pretende a demarcação pós presidenciais do PS e rouba iniciativa ao PCP. Sim, dispensavam-se os anteriores “jamais, jamais” de vários dirigentes bloquistas. Mas a questão não é o oportunismo. Desse mal sofreu o BE não apoiando os cortes do governo às escolas privadas. De oportunismo padece o PSD que não apresenta uma moção porque não lhe dá jeito tomar já o poder. E o PS que, com uma maioria e adoptando como parceiro o PSD, preconizando políticas contra a sua origem e programa, chantageia dizendo que uma moção entrega o executivo à direita.

E será oportuno? A contestação nas ruas irá aumentar e estamos perante um brutal ataque a todos os elos mais frágeis da sociedade. Se o BE e o PCP não avançarem com moções- que neste quadro são serviços mínimos parlamentares- quando avançam? Este governo é o responsável pela actual situação. Merece censura (que não implica dissolução). E por mais que custe ao país político situacionista, tudo o resto é meramente circunstancial.

Publicado no Correio da Manhã

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