quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O Córtex Frontal toma posição sobre as presidenciais

Há anos que prosseguimos um objectivo comum: ajudar a criar as condições para o crescimento de uma alternativa de esquerda plural ao situacionismo vigente.

Assim fomos apoiantes empenhados da candidatura de Mário Soares nas eleições passadas, e assistimos de perto à forma como as esquerdas perderam esse importante cargo, ocupado até aí por personalidades desse vasto espaço político. Todas as forças políticas da área apresentaram então candidatos, e o PS até gerou dois. A vitória de Cavaco Silva ficou desde logo assegurada pela unidade da direita e a provocada divisão à esquerda. A própria campanha de Mário Soares decorreu num ambiente de grandes dificuldades dada as medidas que o governo de José Sócrates tomava entretanto, e que diminuíram significativamente a base eleitoral de apoio do grande fundador do regime democrático em Portugal.

Cinco anos depois, embora com troca de papéis e até com novas alianças, as presidenciais voltam a demonstrar como as forças de esquerda desistiram de fazer delas um momento axial da sua estratégia de defesa dos cidadãos, do regime democrático, e de fomento de uma possível federação para o progresso de Portugal no Mundo… De certa maneira a esquerda refugia-se na Assembleia da República e desiste de disputar o cargo de Presidente da República. A lógica situacionista dos aparelhos partidários impôs-se uma vez mais sem curar de nenhuma perspectiva de vitória. Os candidatos ditos da cidadania vieram atestar que estas eleições terão de novo um vencedor antecipado.

Esta atitude defensiva e derrotista das esquerdas nas eleições presidenciais precisa de ser denunciada em tempo real para evitar falsos actos de contrição, sobretudo num momento tão grave para a vida colectiva dos portugueses como o presente. A crise que Portugal, e a Europa, atravessam também se deve à desistência na apresentação de alternativas de progresso e de promoção dos interesses públicos e gerais.

Estas eleições presidenciais de 2011 serão estéreis para o futuro de uma alternativa de progresso à esquerda, o que explica o silêncio e a desmobilização dos cidadãos como nós que avaliam muito negativamente o actual mandato de Cavaco Silva, co-responsável pelo sufoco em que vive actualmente a sociedade portuguesa na União Europeia

Faz falta uma robusta alternativa a Cavaco Silva nestas eleições. O nosso voto só faz sentido para impedir que estas eleições se transformem num perigoso plebiscito ao segundo mandato do actual Presidente da República. E para evitar a redução das hipóteses de renascimento e federação das forças de progresso social no futuro.


José Medeiros Ferreira
Joana Amaral Dias

Gosto