quarta-feira, 30 de junho de 2010

Perder aos poucos

Para quem seguiu de perto a selecção ,a eliminação perante a Espanha é mais natural do que parece.Só sofremos um golo na competição, mas também só marcamos num.Esse resultado perante a misteriosa Coreia do Norte enganou quem se quis deixar enganar.O resto foram burocráticos empates a zero.A passagem aos oitavos de final correspondeu aos mínimos olímpicos para um grupo que tinha Cristiano Ronaldo como cabeça de cartaz.Graças a Eduardo só perdemos por 1-0 contra a Espanha.Tudo isto vai custar muito caro à FPF na hora das contas...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Brain Food

Portugueses (quase) nada interessados na Ciência, por Rui Curado da Silva.
Gzero, por José M. Castro Caldas.
Ministério do Trabalho desmente o governo, Eugénio Rosa

Algibeira sem forro

Hoje acordei assim

Portugal tem 5 milhões de pobres, embora continuem a insistir que vivemos acima das nossas possibilidades.
Portugal é dos países onde se gasta menos em férias e 2/3 vão goza-las em casa, embora o PR insinue que se fazem muitos gastos em lazer no estrangeiro.

Cão como nós

De regresso da África do Sul

Foram três semanas excepcionais, essas que passei na África do Sul para acompanhar a fase de grupos da selecção nacional.Venho bem impressionado de lá, embora estivesse no aldeamento turístico que foi assaltado logo no início!Porém, a resposta pronta e eficaz da polícia local e federal levou a que o sentimento de segurança renascesse entre os jornalistas que residiam no descampado. Aliás, a organização do Mundial revelou uma administração que respondeu aos desafios, tanto mais que havia preconceitos, e problemas reais, a ultrapassar.Dos quatro estádios que frequentei gostei particularmente do de Durban, belo, amplo e funcional.A entrada pela porta da Maratona é inesquecível.Espero que tenham lido as minhas crónicas para o Correio da Manhã que aliás continuam enquanto Portugal estiver na prova.
Também tive oportunidade de contactar várias realidades sociais e étnicas do país, inclusive fazendeiros boers.Se todas as partes se continuarem a entender, Mandela pode ser mais feliz do que Gandhi.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

E o burro sou eu?

Não sei o que a Alemanha, agora apresentada como um modelo de virtudes, aprendeu com o seu passado. Mas, a avaliar por esta notícia, não foi muito. 
Responsáveis do partido conservador da chanceler alemã, Angela Merkel, defenderam hoje a exigência de testes de inteligência aos candidatos a imigrantes na Alemanha: «Devemos introduzir critérios que sirvam verdadeiramente o nosso Estado. Além de uma boa formação e de uma qualificação profissional, a inteligência deve entrar em consideração. Eu defendo testes de inteligência», afirmou ao jornal Bild Peter Trapp, porta-voz para os Assuntos internos da secção de Berlim da CDU de Angela Merkel. «Esta questão não deve ser mais um tabu», adiantou.

domingo, 27 de junho de 2010

A escola da capinha*


Eis um exemplo do que uma das mais recentes medidas do Ministério da Educação está a fazer ao país. Em 2007, a EB1 Capinha foi ampliada e requalificada, sofrendo um investimento directo de 250.000 € que permitiu requalificar as 4 salas de aula, a construção de um sala/atelier multimédia com 8 postos de trabalho ligados à internet e ferramentas multimédia, construção de uma cantina, remodelação dos sanitários, construção de um pátio interior para recreio e ginástica e requalificação total do espaço exterior da escola. Numa recente visita da Inspecção do Ministério da Educação ao agrupamento de escolas João Franco, o parque escolar da CAPINHA foi apelidado de FORMIDÁVEL, COM CONDIÇÕES EXEMPLARES PARA A APRENDIZAGEM.
Como o Ministério da 5 de Outubro vai fechar esta escola, não apenas este dinheiro vai pela janela, como se verificará num aumento exponencial dos custos directos com a alimentação (75%) e transportes escolares (525%), representando mensalmente um encargo adicional de 2.500€, verba suficiente para suportar o ordenado do(s) docente(s). Já para não falar das  indemnizações por cessação dos contratos de trabalho do pessoal não docente. 
Mas há mais. Mudando de escola, muitas destas crianças de 5 e  6 anos terão que fazer dezenas de quilómetros diários e perderão (ou dificilmente conseguirão conjugar) os  apoios sociais e pedagógicos desenvolvidos pela autarquia local, que vão desde o Atelier de Tempos Livres e Multimédia às aulas  de natação. 
Por fim, note-se que este encerramento provocará, inevitavelmente,  um êxodo populacional para outras localidades. Neste caso, é um decreto de morte desta povoação.  

*informações cedidas por Rogério Emanuel Palmeiro, Presidente de Junta de Freguesia da Capinha.

ROUBAR PARA A ESTRADA


Independentemente dos prós e contras das SCUTs e antes que o governo volte a mudar de opinião, agradeciam-se  algumas respostas (a remeter para o Ministério das Obras Públicas):

1) Se grande parte das receitas arrecadas com as portagens nas SCUTS viriam dos utilizadores regulares, para que serve  isentar esses mesmos casos?
2) Se essas verbas deixam de ser significativas, não seria melhor renegociar os contratos com os privados? Ou cobrar impostos temporários aos concessionárias das auto-estradas?
3) Tal como a via verde, o chip só tem utilidade para quem circula habitualmente em algumas estradas. E custa dinheiro. Mas se os utilizadores regulares são isentos, a quem interessa esse dispositivo, para além da empresa que o produz? 
4) Porque motivo a condição de “residente”não é também aplicada aos utilizadores regulares das pontes sobre o Tejo, por exemplo?
5) E os  “utilizadores excepcionais” como os turistas? Também serão obrigados a comprar um chip?
6) Os milhões que o Estado gastou com as SCUT e com os sistemas electrónicos de cobrança não pagariam boas estradas alternativas?
7) Será que este governo não pode também fazer-se à estrada, instalando previamente um chip, um que apite sempre que tentar entrar no país?

Publicado no Correio da Manhã

sexta-feira, 25 de junho de 2010

wishfull thinking

Um português em África

A estada de Fernando Pessoa na África do Sul, designadamente em Durban, não impregnou a sua literatura, ao contrário do lugar comum sobre "as raízes". Pelo menos, não deixou marcas como as  impressas por Lisboa, capital que ascendeu ao estatuto de cidade literária, como a Praga de Kafka, pelas mãos do poeta. Mesmo assim, encontram-se na sua obra algumas referências a esse continente.
Pessoa fez quatro viagens entre Lisboa e Durban, mas só uma pela costa oriental de África. Aos 13 anos, passou pelo canal de Suez e avistou  Zanzibar e Dar-es-Salam. Nas suas viagens pela costa ocidental, o autor da Mensagem conheceu a Cidade do Cabo e as Canárias.


CAMPEÕES

terça-feira, 22 de junho de 2010

Fazer a folha

 
Várias seitas judaicas disputaram o calendário samaritano ou fariseu, para dominar os respectivos grupos. Semanas de 10 dias, meses com nomes como Vindario: o calendário revolucionário francês simbolizava a queda do antigo regime e o início de outro. Os calendários organizam. Sobretudo, regem a ordem social. São um contrato. Daí que muitas guerras pelo poder correspondam a contendas de calendário. Controlando-o, controlava-se um povo.
Duas deputadas do PS querem mudar os feriados e invocam a produtividade, optando pelo modelo chinês quantitativo. Mas não qualitativo, seguido noutros países europeus com mais feriados/férias, onde se trabalha melhor menos horas. Propõem que fiquemos com seis feriados religiosos e três civis e que só estes sejam móveis evitando pontes, como se o Estado não fosse laico, o que foi reforçado pela igreja que invocou o direito a interferir. E falam do excesso de feriados, mas pretendem um  novo intitulado “dia da família”.
Estas duas deputadas católicas não são Júlio César ou Gregório XIII. Também não querem mudar toda a organização cronológica. Só quatro feriados. Mas as suas propostas são pequeninas disputas da identidade colectiva. São o chamado fazer a folha. Enfim, é pegar neste calendário cor-de-rosa e virar a página. 



Publicado no Correio da Manhã

Saramago: saber renascer*

Fiquei genuinamente satisfeito pela atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago. Por ele e pela língua portuguesa.
Por ele: embora o personagem não me seja inteiramente simpático, e tenha detestado e combatido a sua passagem pela direcção do Diário de Notícias, confesso que há aspectos na vida dele que me suscitam um profundo reconhecimento. Desde logo pela sua afirmação cultural individual: José Saramago nada deve ao sistema escolar português selectivo, elitista e abundantemente estéril como a ditadura do pensamento que o ergueu.
Nem os estudos secundários os completou o Nobel da língua portuguesa. Não foi pois o sistema formal do ensino que lhe suscitou a gramática e a criatividade artística. José Saramago, Prémio Nobel, é uma obra exclusivamente sua.
Esta vitória do ribatejano, precocemente envolvido na cidade de Lisboa e na necessidade de ganhar o pão de cada dia, sobre a fatalidade de uma vida mecânica e da segregação cultural deve-se certamente a um sopro especial do seu espírito, mas sobretudo à vontade de combater a injustiça social.
Seja como for, a criatividade literária e artística de José Saramago não lhe foi facultada ou induzida pelas escolas portuguesas do tempo da ditadura. Numa terra de doutores, ele afirma-se do lado do país para quem a escola não chegou.
Leu muito, é o próprio que revela. Na entrevista publicada no jornal madrileno ABC da última sexta-feira - uma entrevista muito interessante -, José Saramago repete por ordem os seus escritores de referência: Gogol, Kafka, Montaigne, Cervantes e o padre António Vieira.
Curiosamente, afasta Fernando Pessoa dos seus monumentos, mas Vieira lá está a explicar o gosto pelo barroco que me retrai.
Percebe-se o apoio estilístico no escritor, que acede à literatura um nada antes da ave de Minerva lhe aparecer no horizonte.
Deriva dessa serôdia colheita artística outro dos motivos da minha admiração pessoal por José Saramago.
Por acaso das circuntâncias creio ter assistido ao desabrochar de Saramago como grande escritor no início dos anos 80.
Nesses anos de "refluxo revolucionário" ou de "normalização democrática", conforme as perspectivas, passávamos grande parte das nossas férias de Verão na Arrábida, na Estalagem de Santa Maria, entregues à qualidade de vida e aos cuidados de Sérgio Gama e de toda a família.
O paraíso na sua eternidade ter-se-á modelado naqueles instantes.
Na ampla esplanada, os conhecedores escolhiam os seus lugares. Recatado, José Saramago trabalhava, e só o podia fazer até à meia-noite, hora certa para Sérgio Gama mandar todos para a cama ao desligar o motor que fornecia a energia eléctrica. Mais expansiva (ou mais crente), Isabel da Nóbrega descobre-nos o segredo: o ex-director do Diário de Notícias aceitara uma encomenda do Círculo de Leitores para escrever um livro sobre as diferentes regiões de Portugal e estava então a terminá-lo. Isabel da Nóbrega afiança-nos (a mim e a Maria Emília) que o José está a amadurecer e que as letras portuguesas se irão enriquecer.
Fiquei sensibilizado. Uma mulher verdadeiramente culta é por excelência uma anunciadora. Olhei de longe para Saramago e vi um homem que queria renascer de outra maneira na república. E de facto os anos 80 vão revelar aos portugueses um escritor pujante, trabalhador e original, que há-de conseguir o primeiro Nobel da Literatura para a língua portuguesa. Contra muitos, dentro e fora do País. Saramago é um insubmisso aos poderes constituídos. Ele personifica o esforço do indivíduo para se manter livre numa sociedade adversa.
Como escrevi no início deste artigo, fiquei satisfeito por ele e pela língua portuguesa. Por ele algo mais haveria a dizer e muito será ainda dito por outros. Pela língua portuguesa que levou cem anos para alcançar este reconhecimento internacional.
Recordo as más memórias das correntes pró e contra Aquilino Ribeiro, pró e contra Miguel Torga num país ainda provinciano e desconhecedor do que o mundo pensava dele. Depois as probabilidades de um Nobel deslocaram-se para a literatura brasileira, e de novo para a nossa.
Há males que vêm por bem: o atraso na atribuição do Nobel da Literatura permitiu que este chegasse quando a língua portuguesa mais dele precisava para a sua afirmação como língua internacional.
É verdade que a língua portuguesa é falada por cerca de 200 milhões de pessoas, mas é falada para dentro desse universo, sendo a sua saliência exterior quase nula.
O Brasil é a matriz dessa atitude: a língua portuguesa é um factor de comunicação e coesão internas sem que as elites brasileiras a promovam como língua internacional. O mesmo se passa nos países africanos, embora com a particularidade de a língua portuguesa ser uma das línguas oficiais da OUA.
O Estado português acaba assim por ser o mais interessado no reforço da sua língua oficial como língua internacional, e desde logo na Europa, onde está deveras ameaçada. E é bom aproveitar estes momentos de euforia nacional para alertar os mais distraídos sobre os perigos que se avizinham nesta matéria.
É verdade que o Prémio Nobel da Paz já agraciou duas personalidades que falam português, como Ximenes Belo e Ramos-Horta. Porém, agora, o da literatura pode afirmar a nossa língua no século XXI, como João de Barros e Camões contribuíram para que ela se não perdesse entre os séculos XVI e XVII.

* Artigo de José Medeiros Ferreira, no "Diário de Notícias" de 13 de Outubro de 1998 e aqui publicado a seu pedido.

sábado, 19 de junho de 2010

Hitler e a vuvuzela

Diplomacia Financeira directa

O facto mais relevante da passagem do 25º aniversário da assinatura do Tratado de Adesão de Portugal à Comunidade Europeia foi a ida a Bruxelas de uma equipa de banqueiros portugueses para sensibilizar a Comissão para os seus pontos de vista sobre as recomendações de Basileia para uma maior regulação internacional da banca, sobretudo em termos de rácios.Tudo bem.Mas o sintoma de falta de confiança na diplomacia estatal é claro.Esperemos pelos resultados.Entretanto podem ler o meu artigo no CM de sexta-feira.Nele recomendo a publicação de um livro branco sobre as negociações monetárias e financeiras em que o Banco de Portugal e os governos portugueses estiveram envolvidos em 1992 e 1998 para a entrada no sistema monetário europeu, e que retiraram competitividade à economia portuguesa.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Pouco pão e muito circo


A chamada “Legislação Laboral Especial” proposta por Passos Coelho visa alargar para três e quatro anos a duração dos contratos a prazo, que hoje vão de 18 meses a dois anos, e permitir renovações ilimitadas desta deste tipo de precariedade laboral. Claro que o PSD diz que seria temporário, até 2013, 2014 (pelos vistos acreditam mesmo que a crise terminará por aí). O “raciocínio” que subjaz a esta medida é uma completa distorção. As actuais dificuldades das empresas não se resolvem precarizando (mais ainda?) o mercado de trabalho, mas antes com incentivos ao emprego, com crescimento. Como, aliás, o passado demonstra. E propostas nesse sentido, o PSD tem zero. Adiante.
Para que os empresários não receiem “arriscar na criação de postos de trabalho”, o PSD pretende que os trabalhadores fiquem com o risco, como se a actual legislação fosse responsável pela crise e contribuindo para agravar as condições de trabalho,  fragilizando e desequilibrando ainda mais as relações laborais. E como a direita portuguesa passa o tempo a criticar o Estado mas não sabe viver sem ele, género “Bem prega Frei Tomás”, o PSD quer que sejam os cofres públicos a pagar os salários devidos pelas empresas, permitindo a acumulação parcial do valor do subsídio de desemprego com o salário quando este lhe é inferior. Que liberais.

Brain Food

IEFP faz desaparecer no mês de Maio 50.782 desempregados, por Eugénio Rosa, no 5 dias.
Tragédia económica na zona euro, por João Rodrigues, no Ladrões de Bicicletas.
A mancha negra da BP, por Miguel Marujo, no Cibertúlia e com esta imagem

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O caldo entornado

Que acontecerá durante o mundial?

Na última sondagem do Córtex, perguntava-se "Quando serão as legislativas?"


"Seja quando for, com Passos Coelho será ainda pior", recebeu 31% dos votos.
"Bom era que fossem para a semana", 27 %
"Entre Julho e Outubro de 2010", 20% 
"Por este andar, eleições só lá para 2020", 11%
"No prazo normal", 9%

A nova sondagem, pergunta: "Que acontecerá durante o mundial?". É votar!

O CANDIDATO DO OUTRO SÉCULO


  Para Cavaco Silva a prioridade sempre foi a popularidade. Por isso ignora o essencial ou insiste num discurso anti-políticos, falso (governou 10 anos) e perigoso. Mas, agora, o PR vive para escapar à crise e ser reeleito. Vejam-se as declarações do 10 de Junho.
Este outro candidato poeta e patriótico falou da identidade algarvia e do seu “abraço permanente com o  mar”, revelando um desfasamento do Algarve actual, da contemporaneidade, como sucedeu com a recente exaltação do turismo doméstico. Sobretudo, contradizendo-se já que clamou pela coesão, mas destacou uma só região e apelou à “repartição dos sacrifícios”, sabendo-se que os seus executivos muito aumentaram as desigualdades e que agora apoia os PEC. Aliás, o PR referiu-se à crise como inevitável, isentando de encargos os governantes (inclusive o próprio), como se a culpa fosse de (quase) todos em geral e de ninguém em particular. E afirmou, inconsequentemente, que "chegámos a uma situação insustentável", sem avançar soluções.
Eis um inquilino de Belém que defende férias “orgulhosamente sós”, mas Algarve para pesca, que não tem nem responsabilidades nem alternativas e cuja política é imobilista e eleitoralista. Na presente situação Portugal desespera por um PR. E apenas leva com um candidato dos anos 80. 

É FECHÁ-LO.



No dia mundial da criança e no centenário da República, o Ministério da 5 de Outubro anunciou um encerramento massivo de escolas (900), invocando um mínimo de 21 alunos. Este critério é o grau zero na política da educação. Nada indica que mudar 15 mil crianças para escolas maiores garante mais resultados e a hiper-escola vai contra as melhores práticas. E bom senso. Muitas crianças perderão horas diárias em deslocações para estabelecimentos a abarrotar. Talvez a Ministra depois escreva “Uma aventura... numa escola abandonada”.
Mas Sócrates tem “Ordem para fechar”. Tem acabado com maternidades, postos dos CTT, caminhos de ferro, urgências. E escolas, único local para reunião de muitas populações. Só escapa a via rápida. Se for para apascentar construtores, já se considera o interior. Enfim, Mário Lino só estava incompleto. Não é o sul que é um deserto. Em breve, o país será um castelo de areia com um oásis litoral e uma imensa estrada que leva ao nada.
É esse o Estado Socrático: o Estado dos cidadãos de primeira e de segunda, em que todos pagam impostos, mas os que vivem no interior limitam-se a poder votar; o Estado dúplice, máximo nos deveres (nomeadamente fiscais) mas mínimo nos direitos. Um Estado injusto, iletrado, inseguro. Cujo governo deveria ser rapidamente encerrado.


sábado, 12 de junho de 2010

Pontapé de Canto

Aviso todos os interessados, e mesmo os menos interessados, de que estou a enviar, directamente da África do Sul, uma crónica diária para o Correio da Manhã sobre o Mundial de futebol.Título da rubrica: Pontapé de Canto.Mais informações nos Bichos-Carpinteiros.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Périplo não europeu

É um acaso.Estou na África do Sul para acompanhar o Mundial de Futebol ( imagino o estupor que tal coisa pode causar no João Gonçalves!), e escrevo hoje no Correio da Manhã sobre o périplo não-europeu do primeiro-ministro â Venezuela, ao Brasil e a Marrocos.A U.E.começa a exigir mais do que dá.Há que ir buscar fora.
Nota: detesto os dogmáticos europeístas portugueses, filhos dilectos da mentalidade acrítica dos africanistas seus pais.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Os discursos do 10 de Junho

O ano passado ainda tivemos o discurso autêntico do António Barreto.Este ano nem isso.Pompa e ainda maior circunstância.Os sinais políticos do Dia não vieram dos discursos.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Erros Graves ou Má Fortuna?

O meu artigo de hoje no Correio da Manhã entra em diálogo com Mário Soares sobre que« erros graves», o PS tem cometido ultimamente, e sobre o facto de eu acentuar erros distintos dos apontados pelo insubstituivel fundador do PS.

Critérios para fechar escolas

O anúncio do fecho de cerca de 500 escolas pelo país fora pode animar as perspectivas de redução da despesa mas é uma má notícia para a educação e para a coesão territorial e social.Sobretudo o critério do número de alunos parece-me escasso para tomar uma decisão dessas. Esse dado deve ser combinado com outros, como a distância e o tempo que as crianças vão ser obrigadas a percorrer para receberem a instrução noutra escola e noutro lugar.Embora a responsabilização dos municípios seja indispensável para a manutenção de um máximo possível de estabelecimentos de ensino abertos.Confio na recta intenção da ministra Isabel Alçada.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Convites para Bilderberg

O tema é recorrente: de vez em quando fala-se dos portugueses convidados para participarem nas reuniões do Clube de Bilderberg. Durante muitos anos os jornais não referiam o meu nome e não vinha mal ao mundo por isso.Mas desde que alguém consultou a lista, que é pública, lá me telefonam para confirmar. Ontem foi o jornal I.Acontece que fui, de facto, convidado duas vezes, em 1977 quando era Ministro dos Negócios Estrangeiros, e , em 1980, quando já o não era.Nessa última vez, alguém do Steering Committee, perguntou-me que nomes eu sugeriria, de outras correntes políticas em Portugal,para futuras reuniões.Lembrei-me de Francisco Balsemão, entre outros, como se escreve na imprensa.Não sei se foi por isso, se por mera coincidência, o certo é que o futuro primeiro-ministro acabou por ser o grande cooptador dos portugueses que participam nas reuniões daquele pacífico clube.Tenho a impressão de que leva poucas negas...

A entrevista de Alegre

Manuel Alegre esteve bem na primeira fase da entrevista dada a Judite de Sousa, que não foi particularmente acutilante.Pareceu-me sereno, como se tivesse atingido um objectivo íntimo.Depois cansou-se das perguntas e tratou Cavaco Silva como um colega de infortúnio.Mas vai ter de explicar melhor qual será o seu contributo para mudar a situação de Portugal.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Fazer inimigos

Israel está a empurrar a poderosaTurquia militar, membro da Nato, para o campo dos seus inimigos na região.Mais do que um crime é um erro, como se diz.

terça-feira, 1 de junho de 2010

A crise politica aproxima-se da Alemanha

Os políticos alemães não são como os portugueses.Se é necessária uma crise política para ultrapassar um impasse eles vão em frente.Não se agarram à fragilidade.O Presidente da República Federal , Kohler, teve várias atitudes polémicas no respeitante à guerra no Afeganistão.Demitiu-se.Os «europeus» como nós não conseguem compreender.Mas a crise na Alemanha é de carácter internacional.Vai continuar até Ângela Merckel mudar de coligação, pelo menos.

O tamanho de uma manifestação

No sábado não fiquei com uma imagem muito clara do tamanho da manifestação promovida pela CGTP em Lisboa, e até me pareceu que ela tinha ficado um pouco aquém das expectativas dos seus organizadores.Mas hoje já ouvi tantas vezes citada essa manifestação no programa Prós e Contras que concluo que a sua importância política se revelou maior do que o tamanho.

Gosto